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BBC News 2020 (Brasil), Como pandemia de covid-19 pode levar a revolução nas vacinas

Como pandemia de covid-19 pode levar a revolução nas vacinas

Uma nova tecnologia de vacina que está sendo desenvolvida há 30 anos pode virar realidade

com a pandemia de covid-19.

Eu estou falando das vacinas gênicas.

Elas têm esse nome porque usam engenharia genética para ensinar o nosso corpo a se

defender de um vírus.

Essas vacinas podem ser mais simples de fabricar e seguras de usar e, provavelmente, serão

mais baratas também.

Mas ainda falta algo essencial: provar que elas funcionam.

Eu sou Rafael Barifouse, repórter da BBC News Brasil em São Paulo, e neste vídeo

eu vou explicar o que são as vacinas gênicas e quais as vantagens delas em relação às

vacinas comuns.

Também vou mostrar como o novo coronavírus criou uma oportunidade que elas finalmente

cheguem ao mercado e por que isso pode representar uma revolução em vacinas.

Primeiro, deixa eu contar como funcionam a maioria das vacinas que usamos.

Assim, vai ser mais fácil entender por que a vacinas gênicas são inovadoras.

As vacinas geralmente envolvem injetar um vírus ou bactéria no nosso corpo, para que

o sistema imunológico identifique esse ameaça e crie formas de nos defender.

Dessa forma, se o mesmo vírus ou bactéria nos infectar novamente, o organismo já vai

saber como combatê-lo.

No caso das vacinas contra vírus, elas podem ser feitas com vírus atenuados.

Ou seja, que foram enfraquecidos para se reproduzirem lentamente e não serem capazes de nos deixar

doentes.

Ou com vírus inativados, que foram expostos a calor ou a produtos químicos para não

serem capazes de reproduzir.

Existe ainda a vacina de subunidade, em que apenas fragmentos característicos de um vírus,

como uma proteína, por exemplo, são produzidos em laboratório para serem usados na vacina.

A proposta das vacinas gênicas é diferente.

Em vez de injetar em nós um vírus ou uma parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio

corpo produzir a proteína do vírus.

No caso do coronavírus, é uma proteína conhecida como espícula, que se parece com

uma coroa - daí o nome coronavírus.

Essa proteína tem uma grande capacidade de gerar uma resposta do sistema imunológico.

No processo de desenvolvimento da vacina gênica, os cientistas precisam primeiro identificar

a parte do código genético viral que carrega as instruções para a fabricação dessa

proteína e a injetam em nós.

Uma vez que esse material genético é absorvido por nossas células, ele funciona como um

manual de instruções para a produção da proteína.

A célula lê essas instruções e fabrica a proteína.

Depois, ela exibe a proteína em sua superfície, o que alerta o sistema imune e desencadeia

as defesas do nosso organismo.

Em uma infecção ou em uma vacina comum, é o próprio vírus que cumpre esse papel.

Nosso organismo detecta a presença dele em nós e cria formas de combatê-lo.

O que a vacina gênica faz, ao levar nossas células a produzir a proteína, é fazer

com que essas células de certa forma "se disfarcem" de coronavírus.

Nosso organismo identifica a proteína e pensa que ele está circulando em nós, mas na verdade,

não está.

Mas, em teoria, o resultado seria o mesmo de uma infecção ou vacina comum: isso dispara

as defesas do nosso corpo e, neste processo, ele aprende a combater o vírus.

É isso que os cientistas estão pesquisando para ver se dá certo.

As vacinas gênicas oferecerem uma série de vantagens em relação às vacinas comuns.

A imunologista Cristina Bonorino explica que, com as vacinas atenuadas ou inativadas, é

preciso cultivar uma grande quantidade de vírus para usá-los como matéria prima na

fabricação das vacinas.

As vacinas gênicas dispensam isso.

Basta criar em laboratório a sequência genética desejada.

Os cientistas fazem isso por meio da manipulação do genoma do vírus e do uso de enzimas que

realizam processos bioquímicos que têm como produto final o material genético que vai

ser usado na vacina.

Isso exige uma estrutura de produção muito mais enxuta do que a da produção de vacinas

comuns.

O custo também é provavelmente menor, segundo Bonorino.

Além desse tipo de vacina ser produzida mais rapidamente em grande escala, ela também

é mais flexível.

Foi o que me explicou Márjori Dulcine, que é diretora-médica da farmacêutica Pfizer

no Brasil, empresa que está testando uma vacina gênica contra a covid-19.

Esse tipo de vacina é flexível porque, se um vírus sofre mutações, basta identificar

seu novo código genético para fazer uma nova versão.

Ou seja, isso permite adaptar rapidamente a vacina que já existe para combater uma

nova variedade do vírus.

As vacinas gênicas também eliminam o risco de uma pessoa ficar doente ao ser vacinada,

segundo o cientista americano Norbert Pardi.

Isso pode ocorrer com as vacinas que usam vírus atenuados, aqueles que foram manipulados

para se reproduzirem mais lentamente, o que deixa eles menos perigosos para nós.

Isso dá tempo suficiente para que o sistema imunológico de uma pessoa saudável reaja

e, neste processo, aprenda a combater a ameaça.

Mas, se o sistema imune estiver fraco, ele tende a perder essa corrida contra o vírus,

e a pessoa pode adoecer.

Com as vacinas gênicas não tem isso, porque elas não usam um micro-organismo vivo.

É completamente sintética.

O tempo necessário para desenvolver uma vacina também cai drasticamente, segundo Pardi.

Normalmente, demora meses para uma vacina estar pronta para os primeiros testes.

Com a vacinas gênicas, demora semanas.

Pardi cita o exemplo da Moderna, uma empresa americana que está desenvolvendo uma vacina

gênica contra o coronavírus.

Ela levou 42 dias do momento em que recebeu a sequência genética do vírus até começar

os estudos.

Isso é quase impossível com outras tecnologias de vacina.

Mas se estas vacinas têm tantas vantagens, por que ainda não há nenhuma aprovada para

o uso em humanos?

Um dos motivos é que a tecnologia é recente.

A primeira vacina foi criada pelo médico britânico Edward Jenner há pouco mais de

220 anos, na virada entre os séculos 18 e 19, para prevenir a varíola.

As vacinas gênicas estão sendo desenvolvidas há pouco mais de três décadas.

E só mais recentemente as pesquisas começaram a dar resultados animadores.

A princípio, acreditava-se que seria melhor fazer esse tipo vacina usando DNA.

DNA é a molécula que guarda todas as informações genéticas de um organismo.

Essas informações são usadas pelas nossas células para fabricar as proteínas que compõem

o nosso corpo.

Mas, para que isso aconteça, o DNA precisa antes ser transformado em moléculas de RNA.

É o RNA que transporta essas instruções até a parte da célula onde as proteínas

são produzidas.

Os cientistas acreditavam que, ao injetar o DNA do vírus em nós, ele poderia ser absorvido

por nossas células.

Uma vez dentro delas, o DNA seria transformado em RNA para que então a proteína viral fosse

fabricada, dando início à reação imune.

Mas os testes mostraram até agora que as vacinas de DNA não produzem uma resposta

imunológica forte o suficiente em humanos.

E os cientistas ainda sabem exatamente por quê.

Outra alternativa é usar diretamente o RNA.

O problema é que essa molécula é capaz de gerar uma inflamação muito forte em nós

e que pode nos matar.

O RNA também é muito mais instável do que o DNA e se degrada facilmente no nosso organismo.

Isso porque temos por tudo quanto é lado do nosso corpo enzimas que atacam RNA, como

me explicou o imunologista Jorge Kalil «< diretor, Laboratório de Imunologia do Incor»>. Quando há RNA circulando no nosso organismo, ele é geralmente de algum micro-organismo

que está nos atacando.

Por isso, se injetamos o RNA de um vírus sem que ele esteja devidamente protegido,

ele vai ser rapidamente destruído e não vai conseguir chegar na célula para ser absorvido.

Mas, nos últimos 15 anos, cientistas encontraram uma forma de envelopar o RNA com uma partícula

de gordura muito pequena, para impedir que ele se decomponha e consiga chegar até a

célula.

Os pesquisadores também conseguiram reduzir o potencial inflamatório do RNA.

Esses avanços, junto com a pandemia de covid-19, criaram uma oportunidade para que as vacinas

gênicas finalmente se tornem uma realidade.

A covid-19 é uma doença nova, muito contagiosa e mortal, contra a qual a gente ainda não

tem uma vacina.

Criar uma é urgente.

Fazer isso normalmente custa dezenas ou centenas de milhões de dólares, mas agora há muito

dinheiro sendo investido por governos e organizações.

E, quando uma vacina estiver pronta, países do mundo todo terão interesse em comprá-la.

Ou seja, o mercado vai ser enorme.

Hoje, há 40 vacinas gênicas entre as 187 que estão sendo desenvolvidas contra a covid-19,

segundo a Organização Mundial da Saúde.

Dez já são testadas em humanos, e duas estão na última etapa desta parte da pesquisa,

a chamada fase três.

Nesta fase, a vacina é aplicada em dezenas de milhares de pessoas para ver se ela realmente

funciona.

As duas vacinas gênicas que estão nesta etapa são feitas, uma pela Moderna e outra

pela Pfizer, empresas que eu citei agora há pouco.

Nos dois casos, as farmacêuticas já desenvolviam vacinas de RNA para combater outros vírus.

No caso da Moderna, era o Nipah, que pode causar problemas respiratórios e uma inflamação

no cérebro potencialmente fatal.

A Pfizer estava criando uma vacina de RNA contra o influenza, que causa a gripe.

Elas agora estão testando se essa tecnologia funciona contra o coronavírus.

No caso da Pfizer, os testes estão sendo feitos também no Brasil.

O cientista Norbert Pardi diz que as pesquisas mostraram até agora que as vacinas gênicas

contra a covid-19 geraram uma reação do sistema imunológico ao menos tão boa quanto

a das candidatas que usam métodos tradicionais.

O teste final será para ver se essa proteção é duradoura.

A expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados ainda neste ano.

Se eles forem positivos, isso pode ter implicações não apenas para o combate à covid-19.

Uma vez que a gente tenha domínio dessa tecnologia, a tendência é que ela se torne cada vez

mais comum entre as vacinas do futuro.

Por hoje, é só.

Curtiu?

Ficou com alguma dúvida?

Conta pra gente aqui nos comentários.

Fica ligado no nosso canal no YouTube e nas redes sociais da BBC News Brasil.

A gente tem sempre alguma novidade pra você.

Até o próximo vídeo!

Como pandemia de covid-19 pode levar a revolução nas vacinas Wie die Covid-19-Pandemie zu einer Impfstoffrevolution führen könnte How the covid-19 pandemic could lead to a vaccine revolution Comment la pandémie de Covid-19 pourrait conduire à une révolution vaccinale Covid-19のパンデミックがワクチン革命につながる可能性

Uma nova tecnologia de vacina que está sendo desenvolvida há 30 anos pode virar realidade

com a pandemia de covid-19.

Eu estou falando das vacinas gênicas.

Elas têm esse nome porque usam engenharia genética para ensinar o nosso corpo a se

defender de um vírus.

Essas vacinas podem ser mais simples de fabricar e seguras de usar e, provavelmente, serão

mais baratas também.

Mas ainda falta algo essencial: provar que elas funcionam.

Eu sou Rafael Barifouse, repórter da BBC News Brasil em São Paulo, e neste vídeo

eu vou explicar o que são as vacinas gênicas e quais as vantagens delas em relação às

vacinas comuns.

Também vou mostrar como o novo coronavírus criou uma oportunidade que elas finalmente

cheguem ao mercado e por que isso pode representar uma revolução em vacinas.

Primeiro, deixa eu contar como funcionam a maioria das vacinas que usamos.

Assim, vai ser mais fácil entender por que a vacinas gênicas são inovadoras.

As vacinas geralmente envolvem injetar um vírus ou bactéria no nosso corpo, para que

o sistema imunológico identifique esse ameaça e crie formas de nos defender.

Dessa forma, se o mesmo vírus ou bactéria nos infectar novamente, o organismo já vai

saber como combatê-lo.

No caso das vacinas contra vírus, elas podem ser feitas com vírus atenuados.

Ou seja, que foram enfraquecidos para se reproduzirem lentamente e não serem capazes de nos deixar

doentes.

Ou com vírus inativados, que foram expostos a calor ou a produtos químicos para não

serem capazes de reproduzir.

Existe ainda a vacina de subunidade, em que apenas fragmentos característicos de um vírus,

como uma proteína, por exemplo, são produzidos em laboratório para serem usados na vacina.

A proposta das vacinas gênicas é diferente.

Em vez de injetar em nós um vírus ou uma parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio

corpo produzir a proteína do vírus.

No caso do coronavírus, é uma proteína conhecida como espícula, que se parece com

uma coroa - daí o nome coronavírus.

Essa proteína tem uma grande capacidade de gerar uma resposta do sistema imunológico.

No processo de desenvolvimento da vacina gênica, os cientistas precisam primeiro identificar

a parte do código genético viral que carrega as instruções para a fabricação dessa

proteína e a injetam em nós.

Uma vez que esse material genético é absorvido por nossas células, ele funciona como um

manual de instruções para a produção da proteína.

A célula lê essas instruções e fabrica a proteína.

Depois, ela exibe a proteína em sua superfície, o que alerta o sistema imune e desencadeia

as defesas do nosso organismo.

Em uma infecção ou em uma vacina comum, é o próprio vírus que cumpre esse papel.

Nosso organismo detecta a presença dele em nós e cria formas de combatê-lo.

O que a vacina gênica faz, ao levar nossas células a produzir a proteína, é fazer

com que essas células de certa forma "se disfarcem" de coronavírus.

Nosso organismo identifica a proteína e pensa que ele está circulando em nós, mas na verdade,

não está.

Mas, em teoria, o resultado seria o mesmo de uma infecção ou vacina comum: isso dispara

as defesas do nosso corpo e, neste processo, ele aprende a combater o vírus.

É isso que os cientistas estão pesquisando para ver se dá certo.

As vacinas gênicas oferecerem uma série de vantagens em relação às vacinas comuns.

A imunologista Cristina Bonorino explica que, com as vacinas atenuadas ou inativadas, é

preciso cultivar uma grande quantidade de vírus para usá-los como matéria prima na

fabricação das vacinas.

As vacinas gênicas dispensam isso.

Basta criar em laboratório a sequência genética desejada.

Os cientistas fazem isso por meio da manipulação do genoma do vírus e do uso de enzimas que

realizam processos bioquímicos que têm como produto final o material genético que vai

ser usado na vacina.

Isso exige uma estrutura de produção muito mais enxuta do que a da produção de vacinas

comuns.

O custo também é provavelmente menor, segundo Bonorino.

Além desse tipo de vacina ser produzida mais rapidamente em grande escala, ela também

é mais flexível.

Foi o que me explicou Márjori Dulcine, que é diretora-médica da farmacêutica Pfizer

no Brasil, empresa que está testando uma vacina gênica contra a covid-19.

Esse tipo de vacina é flexível porque, se um vírus sofre mutações, basta identificar

seu novo código genético para fazer uma nova versão.

Ou seja, isso permite adaptar rapidamente a vacina que já existe para combater uma

nova variedade do vírus.

As vacinas gênicas também eliminam o risco de uma pessoa ficar doente ao ser vacinada,

segundo o cientista americano Norbert Pardi.

Isso pode ocorrer com as vacinas que usam vírus atenuados, aqueles que foram manipulados

para se reproduzirem mais lentamente, o que deixa eles menos perigosos para nós.

Isso dá tempo suficiente para que o sistema imunológico de uma pessoa saudável reaja

e, neste processo, aprenda a combater a ameaça.

Mas, se o sistema imune estiver fraco, ele tende a perder essa corrida contra o vírus,

e a pessoa pode adoecer.

Com as vacinas gênicas não tem isso, porque elas não usam um micro-organismo vivo.

É completamente sintética.

O tempo necessário para desenvolver uma vacina também cai drasticamente, segundo Pardi.

Normalmente, demora meses para uma vacina estar pronta para os primeiros testes.

Com a vacinas gênicas, demora semanas.

Pardi cita o exemplo da Moderna, uma empresa americana que está desenvolvendo uma vacina

gênica contra o coronavírus.

Ela levou 42 dias do momento em que recebeu a sequência genética do vírus até começar

os estudos.

Isso é quase impossível com outras tecnologias de vacina.

Mas se estas vacinas têm tantas vantagens, por que ainda não há nenhuma aprovada para

o uso em humanos?

Um dos motivos é que a tecnologia é recente.

A primeira vacina foi criada pelo médico britânico Edward Jenner há pouco mais de

220 anos, na virada entre os séculos 18 e 19, para prevenir a varíola.

As vacinas gênicas estão sendo desenvolvidas há pouco mais de três décadas.

E só mais recentemente as pesquisas começaram a dar resultados animadores.

A princípio, acreditava-se que seria melhor fazer esse tipo vacina usando DNA.

DNA é a molécula que guarda todas as informações genéticas de um organismo.

Essas informações são usadas pelas nossas células para fabricar as proteínas que compõem

o nosso corpo.

Mas, para que isso aconteça, o DNA precisa antes ser transformado em moléculas de RNA.

É o RNA que transporta essas instruções até a parte da célula onde as proteínas

são produzidas.

Os cientistas acreditavam que, ao injetar o DNA do vírus em nós, ele poderia ser absorvido

por nossas células.

Uma vez dentro delas, o DNA seria transformado em RNA para que então a proteína viral fosse

fabricada, dando início à reação imune.

Mas os testes mostraram até agora que as vacinas de DNA não produzem uma resposta

imunológica forte o suficiente em humanos.

E os cientistas ainda sabem exatamente por quê.

Outra alternativa é usar diretamente o RNA.

O problema é que essa molécula é capaz de gerar uma inflamação muito forte em nós

e que pode nos matar.

O RNA também é muito mais instável do que o DNA e se degrada facilmente no nosso organismo.

Isso porque temos por tudo quanto é lado do nosso corpo enzimas que atacam RNA, como

me explicou o imunologista Jorge Kalil «< diretor, Laboratório de Imunologia do Incor»>. Quando há RNA circulando no nosso organismo, ele é geralmente de algum micro-organismo

que está nos atacando.

Por isso, se injetamos o RNA de um vírus sem que ele esteja devidamente protegido,

ele vai ser rapidamente destruído e não vai conseguir chegar na célula para ser absorvido.

Mas, nos últimos 15 anos, cientistas encontraram uma forma de envelopar o RNA com uma partícula

de gordura muito pequena, para impedir que ele se decomponha e consiga chegar até a

célula.

Os pesquisadores também conseguiram reduzir o potencial inflamatório do RNA.

Esses avanços, junto com a pandemia de covid-19, criaram uma oportunidade para que as vacinas

gênicas finalmente se tornem uma realidade.

A covid-19 é uma doença nova, muito contagiosa e mortal, contra a qual a gente ainda não

tem uma vacina.

Criar uma é urgente.

Fazer isso normalmente custa dezenas ou centenas de milhões de dólares, mas agora há muito

dinheiro sendo investido por governos e organizações.

E, quando uma vacina estiver pronta, países do mundo todo terão interesse em comprá-la.

Ou seja, o mercado vai ser enorme.

Hoje, há 40 vacinas gênicas entre as 187 que estão sendo desenvolvidas contra a covid-19,

segundo a Organização Mundial da Saúde.

Dez já são testadas em humanos, e duas estão na última etapa desta parte da pesquisa,

a chamada fase três.

Nesta fase, a vacina é aplicada em dezenas de milhares de pessoas para ver se ela realmente

funciona.

As duas vacinas gênicas que estão nesta etapa são feitas, uma pela Moderna e outra

pela Pfizer, empresas que eu citei agora há pouco.

Nos dois casos, as farmacêuticas já desenvolviam vacinas de RNA para combater outros vírus.

No caso da Moderna, era o Nipah, que pode causar problemas respiratórios e uma inflamação

no cérebro potencialmente fatal.

A Pfizer estava criando uma vacina de RNA contra o influenza, que causa a gripe.

Elas agora estão testando se essa tecnologia funciona contra o coronavírus.

No caso da Pfizer, os testes estão sendo feitos também no Brasil.

O cientista Norbert Pardi diz que as pesquisas mostraram até agora que as vacinas gênicas

contra a covid-19 geraram uma reação do sistema imunológico ao menos tão boa quanto

a das candidatas que usam métodos tradicionais.

O teste final será para ver se essa proteção é duradoura.

A expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados ainda neste ano.

Se eles forem positivos, isso pode ter implicações não apenas para o combate à covid-19.

Uma vez que a gente tenha domínio dessa tecnologia, a tendência é que ela se torne cada vez

mais comum entre as vacinas do futuro.

Por hoje, é só.

Curtiu?

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Fica ligado no nosso canal no YouTube e nas redes sociais da BBC News Brasil.

A gente tem sempre alguma novidade pra você.

Até o próximo vídeo!